Os 25 anos da Ponte

Diário, 4 de junho de 2023

Os 25 anos da Ponte

Ponte rodoferroviária
fez fim de linha virar
portal de entrada para
circular nossas riquezas

Em um chuvoso e histórico 29 de maio de 1998, um sonho virava realidade, transformando o que parecia fim de linha em portal de entrada para a circulação de riquezas nacionais. Com a presença do presidente Fernando Henrique Cardoso, era inaugurada a Ponte Rodoferroviária sobre o rio Paraná.

 

Depois de 28 anos de muita luta e perseverança, testemunhávamos a transição da era das balsas para o vaivém de veículos e enormes trens de carga fazendo pulsar a força do agronegócio. Estavam criadas as condições para agilizar o escoamento da produção do Brasil central e fomentar o desenvolvimento do País, ligando os estados de São Paulo e Mato Grosso do Sul.

 

Recordo-me que, desde os tempos de líder universitário, nos mobilizávamos em defesa da ponte. Em julho de 1971, representando a União Acadêmica Mahatma Gandhi, de Santa Fé do Sul, fui recebido pelo ministro dos Transportes, Mário Andreazza, a quem falei sobre a importância da obra. Nos anos seguintes, a luta viraria um marco de resistência na minha vida pública.

 

Ninguém faz nada sozinho, e com a ponte não foi diferente. Destaco a abnegação do deputado federal Roberto Rollemberg e a figura expoente do deputado mato-grossense Vicente Vuolo. Com justiça, eles dão nome à ponte, Rollemberg à travessia rodoviária e Vuolo à ferroviária.

 

Imprescindível nessa conquista foi o visionário de Edison Freitas de Oliveira, prefeito de Jales e mais tarde governador do Mato Grosso, além da decisiva participação da Amop, a Associação dos Municípios do Oeste Paulista. Toda mobilização, porém, não teria o mesmo efeito sem a ampla cobertura da imprensa regional, incluindo o protagonismo do Diário da Região.

 

Impulso importante ocorreu em abril de 1988, num encontro político em Jales com a presença do presidente Sarney, de oito ministros, três governadores, dezenas de deputados estaduais e federais e 150 prefeitos. O sonho ganhou ainda o reforço do empresário Olacyr Moraes, com seu projeto de construção da Ferronorte.

Aos poucos se multiplicavam os pilares, numa parceria de investimentos entre São Paulo e o Governo Federal. No início de 1992, o canteiro de obras tinha 1.500 funcionários. Enquanto isso, na condição de deputado federal, eu fazia via-sacra por gabinetes de ministérios e junto aos colegas parlamentares para evitar que a obra fosse paralisada.

 

No palco da inauguração, em maio de 1998, pude, enfim, ouvir Fernando Henrique dizer: “O Edinho certamente está se recordando dos dias em que sonhávamos com a ponte, porque há muitos anos estamos conversando sobre essa obra, comparável a poucas no mundo”.

Estava concretizado um sonho antigo, compartilhado por moradores, agropecuaristas, motoristas de carros, caminhões e ônibus acostumados a fazer filas nas balsas.

 

EDINHO ARAÚJO

Prefeito de São José do Rio Preto e presidente da Região Metropolitana do Noroeste Paulista

 

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