O IBGE divulgou recentemente a estimativa da população brasileira, que coloca o município de São José do Rio Preto na posição de 48º mais populoso do Brasil e o 10º no Estado de São Paulo. São 501.597 habitantes, somando-se a população da Região Metropolitana, são mais de 1 milhão de pessoas. São números grandiosos, que têm que ser vistos com responsabilidade pelo administrador público que precisa planejar o futuro, sem deixar de cuidar do presente e das dificuldades atuais.
É com satisfação que, ao concluir meus 3º e 4º mandatos como prefeito desta Capital Regional, entrego a cidade, mais uma vez, sem nenhuma favela. Surpreendentemente, oito anos antes, por desleixo e inoperância na fiscalização do prefeito anterior, reassumi a Prefeitura com duas favelas, a do Brejo Alegre, com 66 barracos, e a maior, na Vila Itália, com 239 famílias vivendo em condições subumanas.
Em pouco tempo, conseguimos oferecer às famílias da favela Brejo Alegre, atendimento assistencial e habitação dignas. Assim, erradicamos o núcleo após um minucioso estudo social daqueles moradores, encaminhando-os para o reestabelecimento econômico, amparando cada um deles. Após todos os esforços, os moradores deixaram o local voluntariamente, por meio de um plano de ação proposto pela Prefeitura à Justiça.
Vencida esta batalha, faltava o mais difícil: como dar vida digna para as famílias que viviam na favela da Vila Itália? Foi aí que se deu o que chamo de união de esforços. Prefeitura, Governo do Estado e o terceiro setor – Gerando Falcões e As Valquírias – partiram para ações que pudessem viabilizar a retirada destas pessoas da situação de vulnerabilidade social.
Foram dezenas de reuniões e estudos para que finalmente o projeto ganhasse forma. As ações foram ganhando vida com a retirada das famílias, transferidas para residências em diversos pontos da cidade, bancados durante todo este período com o aluguel social pelos empresários parceiros da Gerando Falcões e crianças foram readaptadas em escolas municipais.
Fizemos uma reengenharia do que hoje pode ser usado como um case de sucesso. Assim, é preciso registrar os atores desta histórica conquista, que agora se torna realidade. Com muito esforço, empenho e união durante todo o processo, o governo do Estado, por meio dos governadores João Dória e Rodrigo Garcia, concluindo com o empenho de Tarcísio de Freitas e a primeira-dama Cristiane Freitas, a CDHU e os técnicos da Prefeitura e Semae concluíram a missão. É preciso destacar ainda o empenho, o afinco do jovem líder Edu Lyra, da empreendedora social Amanda Oliveira e do líder comunitário Benvindo Nery.
Chegamos a uma nova etapa, uma nova vida para as 239 famílias, que terão um local totalmente transformado: Digno, Digital e Desenvolvido. Foram necessários investimentos da ordem de mais de R$ 87 milhões, sendo da parte da Prefeitura R$ 20,2 milhões para desapropriações e implantação de toda a infraestrutura, além da parceria com a Rumo de novo acesso, sob a linha férrea, com total segurança.
A Favela Marte tirou do anonimato moradores que até então não sonhavam mais com a casa própria. Foram muitas mãos movimentando toda essa engrenagem, cada uma de um tamanho, mas desempenhando um papel crucial para transformar vidas.
O modelo aqui implantado, que agora se torna realidade, deve servir de espelho para outras cidades brasileiras e o rio-pretense pode, enfim, voltar a dizer que vive em uma cidade sem favela.
Lembrando o poeta Fernando Pessoa: “Deus quer, o homem sonha e a obra nasce”. Viva a Favela Marte!