Uma voz em defesa da citricultura em Brasília

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Cumprindo seu nono mandato eletivo -foi três vezes prefeito, três vezes deputado estadual e cumpre seu terceiro mandato como deputado federal – Edinho Araújo (PMDB-SP) é a voz da citricultura em Brasília. Seja na Tribuna da Câmara ou nas romarias pelos ministérios, o deputado está sempre presente ao lado das lideranças defendendo a citricultura.

Edinho Araújo trouxe o ministro da Agricultura Neri Geller para um encontro cara a cara com os produtores de laranja em Bebedouro, um passo importante para estreitar as relações entre os dois lados. Também apresentou ofícios e indicações formalizando as principais reivindicações da citricultura. E promete continuar lutando na defesa do setor.

O deputado federal Edinho Araújo é o entrevistado especial desta edição do “Informativo Associtrus”. Confira:

 

Como começou sua relação com a citricultura?

Sou de uma família de pequenos produtores rurais, radicados em Santa Fé do Sul, no extremo Noroeste de São Paulo. Meus avós e meus pais ajudaram a desbravar a área onde foi erguida a cidade e eu cresci sentindo de perto as dificuldades que um produtor rural encontra para se manter na atividade, quase sempre desvalorizada. Ainda hoje sou um pequeno produtor e sei como é difícil a luta diária.

Quando decidiu abraçar a causa dos produtores e assumir a luta em favor dos citricultores independentes?

Venho acompanhando ao longo dos anos a batalha dos citricultores, que, muitas vezes, vendem a fruta a preços que não cobrem sequer os custos de produção e, ainda assim, encontram dificuldades para colocar a produção no mercado. Desde o início do meu mandato venho fazendo contatos com lideranças de produtores rurais para saber como eu poderia ajudar. Como deputado federal eleito com a maioria dos votos na região Noroeste paulista, essa importante área citrícola, entendi que era meu dever lutar pela citricultura. Os números mostram que a atividade é indispensável para a economia de centenas de cidades paulistas e que, infelizmente, o setor produtivo vem travando ao longo dos anos uma luta desigual contra poderosos cartéis.

Desde o início dos anos 90 foi intensificado o processo de verticalização por parte das indústrias. De lá pra cá os produtores têm ficado reféns das indústrias para comercializar a produção. Como avalia esta situação e o que pode ser feito em benefício do aumento do consumo no mercado interno?

É uma situação inaceitável e que merece uma atuação mais enérgica dos órgãos de controle. Não é possível que a verticalização continue crescendo, permitindo que as indústrias se tornem praticamente autossuficientes na produção, deixando os citricultores em situação de extrema vulnerabilidade. A forte erradicação de pomares no parque citrícola de São Paulo é também um reflexo disso. Os custos de produção se elevam, o mercado não compra, a fruta se perde nos pomares e a dívida do produtor só aumenta. A citricultura de São Paulo teve queda de 60 mil hectares, segundo o Instituto de Economia Agrícola (IEA), cuja área plantada caiu de 541 mil hectares para 481 mil hectares na última safra. Conforme o IEA, esta é a pior crise da citricultura paulista em toda a história.

Fale sobre seus projetos em favor do setor produtivo citrícola?

Diante de um quadro tão complicado agimos em várias frentes. Fiz dezenas de pronunciamentos na Tribuna da Câmara Federal denunciando a situação do setor. Como membro efetivo do Comitê Estratégico do Agronegócio, procurei o apoio dos ex-ministros Mendes Ribeiro e Antônio Andrade e entreguei pessoalmente ofícios detalhando os problemas e as reivindicações do setor. Insisti e cobrei providências. Participei de reuniões da Câmara Setorial da Citricultura onde se discutiam alternativas para o setor. Na safra 2013, conseguimos a primeira medida prática. O preço mínimo para a caixa da laranja foi fixado em R$ 10,10 pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) e o governo federal autorizou os leilões do Pepro, através da Conab. Ainda que tenha havido problemas com alguns leilões, foi um passo importante para colocar 40 milhões de caixas no mercado, fruta que se perderia nos pomares. Após anos de luta, conseguimos outro avanço, a inclusão da laranja na Política de Garantia de Preços Mínimos do governo federal. O preço mínimo vigente até 2015 foi fixado em R$ 11,45 por caixa de 40,8 kg, um reajuste de 13,36% em relação à safra anterior.

E qual a sua opinião sobre o forte endividamento dos produtores de laranja?

Um setor que dá ao Brasil entre US$ 1,5 bilhão a US$ 2,5 bilhões em divisas por ano precisa crescer de forma sustentável e planejada, com rigoroso equilíbrio de forças nas relações de mercado. Hoje temos um lado frágil, que é o da produção. Sem recursos e acossados por dívidas acumuladas nas últimas safras, os citricultores precisam de um tratamento diferenciado, sim. Por isso apresentei formalmente ao governo federal, com apoio do vice-presidente Michel Temer, proposta de securitização das dívidas da citricultura, estimadas em R$ 1 bilhão pela Associtrus, com renegociação dos valores a longo prazo, com juros baixos. Com a posse do ministro Neri Geller, um técnico que conhece tudo da citricultura, as chances de sucesso aumentam.

Quais são suas propostas para aumento do consumo de suco?

Apresentei oficio ao governo federal com proposta de inserção do suco de laranja em programas governamentais, como o de distribuição de cestas básicas a pessoas carentes, além do aumento do percentual de suco de laranja para os néctares (o suco tem ao menos 50% de polpa de fruta; o néctar concentra de 30% a 50%). No governo de São Paulo também fiz gestões no sentido de aumentar o volume de suco na merenda escolar. Também entendo ser necessário um investimento forte em marketing para promover o aumento do consumo de suco de laranja no mercado interno.

Agora está em elaboração o Consecitrus. O senhor acredita que este é o caminho a ser seguido para melhorar a relação entre os elos da cadeia citrícola?

A criação do Consecitrus abre a perspectiva de implantar a transparência em um setor marcado por conflitos entre produtores de laranja e indústria de suco. Espero que o conselho beneficie toda a cadeia produtiva, principalmente os produtores, seguramente a parte mais prejudicada com o modelo de comercialização vigente. A esperança é que a atuação do Consecitrus traga mais equilíbrio nas negociações. Há ainda muito a fazer e discutir no âmbito do Conselho. Estamos acompanhando atentamente e com muita esperança em melhores dias.

O sr trouxe o novo ministro da Agricultura, Neri Geller, para uma reunião na Associtrus, em Bebedouro. O que representa essa visita?

Representa muito, principalmente a disposição mostrada por ele para ouvir os produtores e buscar soluções. Neri Geller ocupava um cargo técnico no ministério antes de se tornar ministro e acumulou muito conhecimento sobre os problemas agrícolas, principalmente o caso da laranja. Como ele mesmo disse na reunião daAssocitrus, é preciso ir onde o problema está e ouvir de perto as reivindicações. Abrimos um importante canal com o ministro e isso me dá a garantia de que as portas do ministério estarão abertas para a Associtrus e seus associados.

7 – Quais serão seus planos para o setor até o final da legislatura?

Quero continuar sendo a voz da citricultura em Brasília. Disposição não me falta. Meu gabinete está sempre aberto aos representantes da citricultura e tenho cobrado insistentemente as autoridades para que agilizem o atendimento das reivindicações. O citricultor não pode ser humilhado pelo poderio da indústria de suco. Ele é devotado à atividade, deseja continuar no ramo, e temos obrigação de criar as condições necessárias para que ele não abandone os pomares, resolva o passivo acumulado e mantenha sua propriedade, e passe a pensar exclusivamente em como programar seus negócios com segurança.

FONTE: INFORMATIVO ASSOCITRUS

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